Esse artigo foi atualizado em 20 de outubro
Quais seriam as políticas para América Latina de um possível governo Biden? O candidato do partido Democrata respondeu em março a 10 perguntas da AQ.
As mesmas perguntas foram enviadas repetidamente à equipe do Presidente Donald Trump, mas não obtivemos resposta.
Veja as respostas de Biden abaixo:
P1. Se eleito, qual país da América Latina visitaria primeiro?
Biden: Quando fui Vice Presidente, eu tive a sorte de viajar extensamente pela América Latina e fiz muitas amizades profundas na região, mas seria muita presunção minha anunciar uma viagem sem primeiro consultar o país em questão. Entretanto, planejo uma reunião assim que possível com o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador para desenvolver uma estratégia comum tanto econômica como de segurança, e implementar o mais rápido possível meu compromisso de desmontar as políticas de imigração desumanas impostas por Trump. |
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P2. Os Estados Unidos devem ser os balizadores de uma mudança de regime na Venezuela?
Biden: Os Estados Unidos não deveriam estar envolvidos com mudanças de regime em lugar algum. Nicolás Maduro é um ditador, isso é simples e claro, mas o objetivo na Venezuela tem que ser pressionar por uma saída democrática através de eleições justas e livres, e ajudar o povo venezuelano na reconstrução de seu país. A comunidade internacional tem também responsabilidade de ajudar países vizinhos como a Colombia, a administrar a grave crise humanitária criada pelos milhões de migrantes Venezuelanos que fugiram de seu país. Como Presidente, eu também estenderia o status especial de proteção temporária aos venezuelanos que estão nos Estados Unidos. |
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P3. Os Estados Unidos devem exigir que El Salvador, Guatemala e Honduras combatam a emigração de seus países como contrapartida para receber ajuda financeira?
Biden: Nosso apoio financeiro não é um prêmio, mas sim uma maneira de os Estados Unidos ajudarem os países do chamado Triângulo Norte da América Central a combater a violência e a pobreza que leva famílias desesperadas a migrarem. Ajudar esses países é do interesse dos Estados Unidos, mas eu também vou exigir que os governos se comprometam a combater a corrupção, a também investir recursos próprios, e mostrar clara vontade política de levar adiante reformas essenciais. |
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P4. O senhor é a favor de negociar novos acordos de livre comércio com países da região, como o Brasil?
Biden: Qualquer novo acordo comercial terá que estar alinhado com as minhas prioridades de gerar empregos nos Estados Unidos, proteger os trabalhadores americanos, e garantir que questões trabalhistas e de meio ambiente sejam parte fundamental de qualquer negociação. Nossos atuais acordos de livre comércio na América Latina — e no mundo — devem ser implementados de maneira justa de forma que gerem empregos e prosperidade para todas as partes. |
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P5. Como o senhor garantiria a credibilidade dos compromissos de combate a corrução assumidos pelos setores público e privado na América Latina?
Biden: Sob a minha presidência, os Estados Unidos, incluindo nosso serviço diplomático e os órgãos de segurança, voltarão a tomar a liderança no combate à corrupção, já que qualquer esforço para melhorar as condições na região tem que começar por combater a corrupção sistêmica e o abuso de poder. Infelizmente o governo Trump reverteu os esforços de anticorrupção na região. Eu vou apoiar esforços que fortaleçam os sistemas judiciais e legais tanto regionais como nacionais dos países que levarem essas iniciativas adiante, e vamos usar nosso poder de vetar vistos de entrada e outras leis federais que nos permitam ir atrás de indivíduos e organizações corruptas. |
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P6. A crescente influência da China na América Latina é uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos?
Biden: A principal ameaça à nossa segurança nacional é a atual ausência de liderança dos Estados Unidos no hemisfério. Nem Rússia nem China podem se equiparar aos extraordinários laços históricos que temos com a América Latina e o Caribe. Melhor que se preparem pois o descaso e incompetência de Trump com a região acabam no primeiro dia do meu governo. |
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P7. Uma potencial legalização da maconha ou outras drogas por governos da América Latina iria contra os interesses dos Estados Unidos?
Biden: Eu apoio que a maconha e outras drogas sejam tratadas como uma questão de saúde pública. No entanto, eu não creio que a legalização seja uma panaceia, nem que solucione a debilidade das instituições encarregadas da segurança pública e do sistema jurídico o qual acaba permitindo o fortalecimento das organizações criminosas que tem tanto sucesso em várias partes da América Latina e do Caribe. |
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P8. Os Estados Unidos deveriam agir contra o Brasil caso o país não proteja a Amazonia?
Biden: Os incêndios que se espalharam pela Amazonia no verão passado (inverno no hemisfério sul) foram devastadores e provocaram uma reação global com clamor para parar com a destruição e apoiar o reflorestamento antes que seja tarde demais. O presidente Bolsonaro precisa saber que se o Brasil falhar na sua tarefa de guardião da floresta Amazônica, o meu governo irá congregar o mundo para garantir que o meio ambiente esteja protegido. |
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P9. Qual a sua visão para as relações entre Cuba e os Estados Unidos?
Biden: Norte-americanos — especialmente os de ascendência cubana — podem ser ótimos embaixadores em favor da liberdade em Cuba. Por isso, como presidente, eu vou imediatamente reverter as políticas falidas do Trump que acabaram por causar danos ao povo cubano, sem contribuir em nada para o avanço da democracia ou dos direitos humanos. |
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P10. No século XX os Estados Unidos apoiaram vários golpes de estado na região, incluindo no Brasil, Chile e Guatemala. Como presidente, o senhor considera se desculpar oficialmente por essas ações do passado?
Biden: O governo Obama-Biden reconheceu que os Estados Unidos e a América Latina não deveriam nem esconder o passado, nem deixar que este restringisse nossas relações — tanto é que avançamos no processo de curar as feridas da Guerra Fria em países como El Salvador, na Argentina ou em Cuba. O meu governo vai se comprometer a ser o mais transparente na história, e abriremos arquivos hoje considerados secretos relativos a políticas norte-americanas para a América Latina em décadas passadas. |
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