Este artigo foi adaptado da reportagem especial da AQ sobre alcançar igualdade de gênero | Read in English | Leer en español | Clique aqui para ver os outros Top 5
Miguel Fontes é machista. Ele mesmo diz. Ele também diz que isso não faz bem para a saúde.
Depois de quase uma década trabalhando em projetos relacionados à prevenção de HIV e AIDS, conscientização sobre os perigos das drogas e desenvolvimento de jovens, Fontes diz que ficou claro que havia um forte componente de gênero na raiz desses problemas de saúde pública. Foi então, em 1997, que ele decidiu criar o Instituto Promundo no Rio de Janeiro, em parceria com Gary Barker, um doutor em psicologia do desenvolvimento.
O Promundo ajuda homens a repensar a masculinidade por meio de oficinas, treinamentos e campanhas. Fontes, um brasiliense de 51 anos, afirma que todo homem é machista até certo ponto, e isso impacta comunidades, famílias e indivíduos. Estudos revelam que os programas do Promundo ajudam a reduzir a violência de gênero e também levam a uma maior participação masculina nos cuidados com a família e em tarefas domésticas.
“Os homens nunca têm tempo para pensar em como fomos educados e o que é masculinidade,” diz Fontes, que é diretor executivo do Promundo Brasil. “Não nascemos violentos ou machistas — isso é adquirido e aprendido ao longo de nossas vidas.”
Fontes é doutor em saúde pública pela Universidade Johns Hopkins, e enfatiza que as implicações negativas da cultura machista prevalecente vão além do impacto sobre as mulheres; se refletem na expectativa de vida mais curta dos homens, nas taxas mais altas de doenças coronárias relacionadas ao estresse e também de encarceramento.
“Não nascemos violentos ou machistas — isso é adquirido e aprendido ao longo de nossas vidas.”
O Promundo já atua em cinco países e sua metodologia já foi replicada em mais de 60 países em parceria com governos, empresas e organismos internacionais.
“A igualdade de gênero é a chave para mudar o mundo”, diz Fontes. “As mulheres têm nos dito [aos homens] sobre nosso papel na perpetuação da desigualdade de gênero — e é hora de ouvirmos.”
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Reina é diretora de produção na AQ